sábado, 11 de fevereiro de 2012

A descoberta da biblioteca

"Na minha idade madura estou convencida de que o jogo da vida vale a pena. Tenho uma vida muito feliz, mais feliz do que a de muitos milhões de homens e mulheres da minha geração. Se por um lado sofri,´por outro vi muito, vi muita coisa, senti muita coisa que foi negada à maioria "dos homens e das mulheres". O jogo vale mesmo a pena.
"Só se tem uma vida para se viver, e por que não vivê-la de verdade?"

Biblioteca Pública, nunca sonhei que pudesse haver tal coisa como essa, uma casa com milhares de livros que qualquer pessoa poderia entrar, sentar e lêr os livros.

Tive a impressão que nascia de novo, enfrente da porta que dava para aquele palácio ( essa biblioteca era em uma casa de madeira), olhos esbugalhados, quase sem acreditar que pudesse existir tantos livros. Desse dia em diante, por mais que sofresse, por mais que experimentasse terríveis agonias do pensamento e da alma, por mais que seja à batida pela sorte, desprezada, expulsa como uma pária, nunca mais me julguei abandonada.

A vida vivida nos livros ajuda a suportar a dureza de minha vida real. Ao mesmo tempo em que queria viver a vida de "carne e osso", sempre "viajei na de papel e tinta". É nos livros que encontra as palavras para nomear seu vastíssimo repertório de vida.

Foram os livros de ficção que facilitaram minha entrada no percurso do conhecimento teórico, na leitura dos livros sobre o socialismo, filosofia, sociologia etc. O livro é uma ferramenta que depende muitíssimo de quem as maneja. Mostra que se pode fazer dos livros boias em naufrágios, fogueiras em dias frios, escudos nos embates da vida...

As histórias fantásticas ou reais, podem sim servir de forma maravilhosa a quem ama a vida e quer navegar grandemente, livremente, com prazer.

Lembrar de um personagem que se defronta com seus limites frente à natureza e à morte. Pode ajudar a suportar um momento extremo, emprestando um sentido.

O socialismo é como um alimento que sacia uma fome antiga, dando sustenção ideológica.
As teorias é as ideias  revolucionários respondem e prometem encaminhamento às inquietações profundas dando ânimo.

O fiel da balança é sentir o coração pulsar mais forte, mais livre, e por isso mais feliz. Mostra que a escolha de ser uma militante socialista não se baseia apenas em valores morais altruístas. É também uma opção por uma vida mais plena de realizações e de sentidos um caminho para se sentir mais viva.

Tem história que nos faz pensar sobre a singulariedade de cada pessoa ao entrar na luta pelo socialismo. Sobre qual a contribuição que cada um pode e quer dar, de onde vem sua motivação. Mostra que na maioria das vezes a contribuição para a luta coletiva não é luminosa, visível a qualquer tipo de olhar, mas é a que se pode e se quer dar, justamente porque é aquela que faz sentido para cada um.

Na verdade, o que me animou a descobrir, a estudar e a divulgar as teorias revolucionárias, foi a mesma coisa que  levou-me a devorar os livros de aventuras na infância: a capacidade de sonhar e de desejar uma vida digna para si e para as pessoas com as quais me identifico.
(Angela Paula - inspirado nos contos de Jack London)

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