segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O que significa hoje ler e escrever?


O que significa hoje ler e escrever?

Já ouviu ou leu a palavra letramento?

Vocábulo recente na educação e na lingüística.

Origem da palavra “letramento”:

Letramento = Literacy (inglês).

Literacy (latim)

Littera = letra (latim)

Cy = condição (latim)

O significado em inglês de “literacy” – estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e escrever.

Aprender a expressar seu ponto de vista, ou o ponto de vista social.

Adquirir a “tecnologia” do ler e escrever. A prática social de leitura e escrita têm conseqüências, para o individuou nos âmbitos sociais, psíquicos, culturais, políticos, cognitivos e lingüísticos.

Ele adquiriu um “estado” ou “condição” diferente a partir do domínio da escrita.

A história humana é constituída pelos indivíduos reais produzindo suas condições materiais e concretas de vida.

O homem se distingue dos animais por produzir seus próprios meios de existência. Meios de produção de existência: tecnologia (artefatos, instrumentos); idéias (crenças, conhecimentos, valores); mecanismos para elaboração das idéias (planejamento, raciocínio, abstração).

O modo pelo qual os homens produzem seus meios de vida depende dos meios já encontrados e que podem reproduzir, construindo assim a história da humanidade.

Os homens são produzidos historicamente e produzem historicamente.

A produção da existência humana se estabelece como a Relação Social. Condições, modo e finalidade das ações empreendidas impõem a existência de auxílio mútuo (cooperação). A cooperação mútua se efetiva na produção da linguagem. Por meio da linguagem é possível organizar a atividade prática coletiva.

Então a Linguagem é uma Produção Social.

A linguagem viabiliza a representação do mundo exterior na consciência e a operação mental por meio de conceitos.

As palavras não são simples palavras são conceitos, carregados de significados como já diziam vários filósofos.

Pela linguagem é produzida a possibilidade da consciência real e prática dos homens. A linguagem enquanto consciência real  e prática é responsável pela própria formação das faculdades que possibilitam a realização das operações mentais.

A linguagem e a consciência não são faculdades naturais e inatas, mas resultado da ação que os homens realizam ao longo do processo histórico de produção social da existência humana.

A dimensão simbólica da linguagem. Possibilita a realização de processos mentais mais elaborados.

A linguagem avançou em possibilidade de representação até a construção de um sistema de códigos capaz de transmitir informações mais abstratas. A linguagem escrita é produto e o resultado mais desenvolvido do esforço de abstraí-la do concreto.

O processo de alfabetização ou letramento é a possibilidade de construir estruturas de pensamento capaz de realizar abstrações necessárias à apreensão da realidade concreta.

Apreensão da realidade é conhecimento.

Se você for professora dica para aprofundamento do tema:

Livro: “Letramento – Magda Soares”

Lêr no site:


“Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem”.

Texto do Engels.



...

A história é um carro alegre

Cheio de um povo contente

Que atropela indiferente

Todo aquele que o negue



È um trem riscando trilhos

Abrindo novos espaços

Acenando muitos abraços

Balançando nossos filhos

...

Já foi lançada uma estrela

Prá quem souber enxergar

Prá quem quiser alcançar

E andar abraçado nela.


(Chico Buarque)


sábado, 11 de fevereiro de 2012

A descoberta da biblioteca

"Na minha idade madura estou convencida de que o jogo da vida vale a pena. Tenho uma vida muito feliz, mais feliz do que a de muitos milhões de homens e mulheres da minha geração. Se por um lado sofri,´por outro vi muito, vi muita coisa, senti muita coisa que foi negada à maioria "dos homens e das mulheres". O jogo vale mesmo a pena.
"Só se tem uma vida para se viver, e por que não vivê-la de verdade?"

Biblioteca Pública, nunca sonhei que pudesse haver tal coisa como essa, uma casa com milhares de livros que qualquer pessoa poderia entrar, sentar e lêr os livros.

Tive a impressão que nascia de novo, enfrente da porta que dava para aquele palácio ( essa biblioteca era em uma casa de madeira), olhos esbugalhados, quase sem acreditar que pudesse existir tantos livros. Desse dia em diante, por mais que sofresse, por mais que experimentasse terríveis agonias do pensamento e da alma, por mais que seja à batida pela sorte, desprezada, expulsa como uma pária, nunca mais me julguei abandonada.

A vida vivida nos livros ajuda a suportar a dureza de minha vida real. Ao mesmo tempo em que queria viver a vida de "carne e osso", sempre "viajei na de papel e tinta". É nos livros que encontra as palavras para nomear seu vastíssimo repertório de vida.

Foram os livros de ficção que facilitaram minha entrada no percurso do conhecimento teórico, na leitura dos livros sobre o socialismo, filosofia, sociologia etc. O livro é uma ferramenta que depende muitíssimo de quem as maneja. Mostra que se pode fazer dos livros boias em naufrágios, fogueiras em dias frios, escudos nos embates da vida...

As histórias fantásticas ou reais, podem sim servir de forma maravilhosa a quem ama a vida e quer navegar grandemente, livremente, com prazer.

Lembrar de um personagem que se defronta com seus limites frente à natureza e à morte. Pode ajudar a suportar um momento extremo, emprestando um sentido.

O socialismo é como um alimento que sacia uma fome antiga, dando sustenção ideológica.
As teorias é as ideias  revolucionários respondem e prometem encaminhamento às inquietações profundas dando ânimo.

O fiel da balança é sentir o coração pulsar mais forte, mais livre, e por isso mais feliz. Mostra que a escolha de ser uma militante socialista não se baseia apenas em valores morais altruístas. É também uma opção por uma vida mais plena de realizações e de sentidos um caminho para se sentir mais viva.

Tem história que nos faz pensar sobre a singulariedade de cada pessoa ao entrar na luta pelo socialismo. Sobre qual a contribuição que cada um pode e quer dar, de onde vem sua motivação. Mostra que na maioria das vezes a contribuição para a luta coletiva não é luminosa, visível a qualquer tipo de olhar, mas é a que se pode e se quer dar, justamente porque é aquela que faz sentido para cada um.

Na verdade, o que me animou a descobrir, a estudar e a divulgar as teorias revolucionárias, foi a mesma coisa que  levou-me a devorar os livros de aventuras na infância: a capacidade de sonhar e de desejar uma vida digna para si e para as pessoas com as quais me identifico.
(Angela Paula - inspirado nos contos de Jack London)

Perfil

Nasci em 1965, numa família mal estruturada e muito pobre. Passei fome em várias fases da minha infância e da adolescência. Trabalhei quando criança para ajudar no sustento da família. Viajei para algumas cidades do Estado de São Paulo, sendo militante de movimentos sociais e politicos. Fui obrigada a parar de estudar, devido uma mudança de residência da família, quando estava na sexta série do primeiro grau. Tentei voltar a estudar, terminei o segundo grau em uma escola particular, e depois sonhei com a Universidade, mas sempre acontece algo e me empede de concluir o curso.
Descobri o socialismo nesse mundo de trabalhadores sem qualificação, de pessoas sem casa própria, de pai desempregado e mãe empregada doméstica.
Tive três filhos, causando enorme escândalo familiar e entre amigos. Casei tarde, com trinta e oito anos (depois dos filhos), com "o homem da minha vida", mas casamento para pobre, é para não dar certo, separei... voltei... e agora estamos ficando...sempre com o mesmo, não que não tenha outras experiências, mas o amo.
Aprendi que valia a pena defender minhas convicções, mas que para isto tinha pagaria um preço alto. Hoje continuo defendendo com unhas e dentes as minhas convicções pessoais, ideologica e política.
Mas, de onde tirar forças para recusar tantas advertências e seguir construindo seu caminho? Onde se segurar quando enfrentava as tempestades do desemprego? O trabalho que me exauria os músculos e a capacidade de sonhar. O mundo cruel, sem eira nem beira, dos desmpregados que vão se tornando mendigos. Como não desistir, como continuar tentando caminhos? Consegui transpor inúmeros obstáculos, mesmo que por várias vezes ficasse muito deprimida, achando que estes eram grandes demais que nunca os venceria. Mas meus tormentos e medos, minhas angústias, não apenas não me paralisaram como me impulsionaram a enfrentar novos desafios.
Me encontrei nos livros... nos filmes... na cultura...
(Angela Paula - inspirado em um dos contos de Jack London)