quinta-feira, 5 de abril de 2012

Essa historia é a favor de quê? Contra quem?

Quando travamos conhecimento com algum trabalho realizado, precisamos ter a mente aberta para perguntarmos: Essa História (escrita ou em outra mídia), é a História de quem? Para quem? A favor de quê? Contra quem?
É um procedimento que precisa ser assumido por todos aqueles que procuram compreender o Homem: nenhum estudo sobre o Homem pode prescindir de situá-lo no mundo, de perceber sua historicidade.
"O Homem é um ser do seu tempo" e portanto, nunca poderemos, para comprendê-lo, seja qual o nível de nossa preocupação, deixar de contextualizá-lo, isto é, de considerar a sua posição no mundo.
Quando foi realizado o tal trabalho? Onde? A pessoa, ou as pessoas que realizaram o trabalho viviam em qual sociedade? Qual sua posição social nessa sociedade? E assim poderemos compreender suas atitudes e sua visão de mundo.
Enfim, o que queremos deixar claro é que escrever História é assumir e marcar uma presença no mundo, em determinadas circunstâncias; é registrar os acertos e os erros cometidos, ou seja, o que foi considerado certo ou errado de acordo com os interesses de determinada posição social ideológica. Nesse sentido, esse registro terá amplo significado de possibilitar ao grupo para o qual a História está sendo escrita a superação de etapas - isto é, registrando vivências, você pode ter a ampla possibilidade de não incorrer nos mesmos erros.
Você, certamente, já ouviu falar que o surgimento da escrita é considerado o limite entre a Pré-História e a História. Muito bem, isso demostra o quanto esta habilidade sempre foi considerada importante. No entanto, perguntamos: Teria sido a escrita uma habilidade dominada pela totalidade dos homens daquela época?
A resposta é bastante simples: mesmo em termos atuais, de século XXI, ela seria negativa. Portanto, cabem as perguntas:
-Onde está a História dos que não podem eles próprios escrevê-la?
-Onde está a História dos escravos, dos servos, dos operários?
-Onde está a possibilidade de essas classes obreiras, registrando as experiências vividas, poderem nelas se basear para terem atitudes mais maduras, mais construtivas, que contribuam para a sua libertação e para o seu crescimento a partir de suas condições de vida?
-Assim, o que podemos concluir?
Primeiro, que a tarefa de registrar os acontecimentos é, de uma forma ou de outra, assumida por alguns elementos da sociedade, tais como os que se dedicam à Literatura, à Pintura, à Escultura, enfim, às Artes em geral, as quais na verdade são expressões do modo de vida de uma sociedade. Segundo, qua a técnica de escrever, tendo sido durante muito tempo um privilégio das elites dominantes, fez com que a História servisse principalmente para o aperfeiçoamento dos instrumentos de poder dessa elite.
Porém hoje, no século XXI, podemos ter uma visão otimista: a própria situação de opressão se constitui em um desafio aos oprimidos. Desafio a que os oprimidos, assumindo essa condição existencial de forma integral e consciente, poderão, unidos, superar. Só assim poderemos pensar na construção de uma sociedade realmente melhor, onde nossas necessidades mais reais e vitais seja atendidas, e os homens, renascidos, possam desenvolver suas possibilidades, possam tornar-se pessoas... Pessoas que, nesse movimento de busca e de criatividade, refletem e constroem uma presença, uma existência histórica, de modo que seu estar no mundo seja assumido como um trabalho transformador e libertador, como uma forma de amor... (Aquino & Denize & Oscar, História das Sociedades)

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