segunda-feira, 11 de junho de 2012

Movimento que propôs uma organização da sociedade, onde nenhum homem teria o poder de dar ordem ao outro homem.


ANARQUISMO


INTRODUÇÃO

Movimento que propôs uma organização da sociedade, onde nenhum homem teria o poder de dar ordem ao outro homem. Uma sociedade onde tudo é de todos na qual a propriedade é coletiva, e tudo repartido igualmente. Todos são livres e iguais, a sociedade se auto governaria, onde cada um deve determinar sua vida, ao contrário de uma democracia onde decisões determinadas por uma maioria não precisa ser acatada pela minoria. Cada um faz o que deve fazer a si mesmo assumindo as responsabilidades de seus atos.


ANARQUISMO

O anarquismo foi um movimento revolucionário que surgiu no séc XIX. O principal pensador anarquista foi o russo Mikhail Bakunin (1814-1876), um incansável panfletário e combatente nas barricadas. Outros pensadores anarquistas destacados foram o príncipe russo Kropotkin e o italiano Malatesta. Anarquismo não quer dizer bagunça,mas sim ausência de governo. Na verdade, anarquistas e marxistas concordam num ponto importante: o capitalismo é desumano e deve dar lugar a uma sociedade comunista. O que seria o comunismo? Uma sociedade na qual a propriedade é coletiva, tudo é de todos: todos trabalham e repartem igualitariamente o que foi produzido. Mais importante ainda: no comunismo não existe Estado. Isso mesmo que você leu: tanto para Bakunin como para Marx e Engels, o comunismo só seria alcançado quando não existisse mais o Estado, prisões ou qualquer tipo de repressão.

Nenhum homem teria o poder de dar a menor ordem a outro homem. Todos seriam livres e iguais. Mas, senão existisse Estado nem repressão, a sociedade não seria uma bagunça? Não, diziam eles, porque em vez de existir um Estado acima dos homens, a sociedade se autogovernaria. Seria a autogestão. Repare, portanto, que nunca existiu um país comunista. O fato é que marxistas e anarquistas acreditam que não seja verdade que o homem só possa viver quando submetido ao chicote e ao berro. Como disse o filósofo alemão Hegel,"todas as qualidades do espírito só se manifestam através da liberdade". O que houve foi uma idéia básica, adotada e interpretada por muitos. Assim, o que se sabe do anarquismo atual proveio da aparição no cenário político de um russo chamado Mikhail Bakunin.

Bakunin, o mais brilhante entre todos os anarquistas, pertencia a uma rica família de proprietários de terra na Rússia. Alguns membros da família de sua mãe tinham participado do levante decembrista de 1825, mas de início a rebelião de Bakunin teve caráter filosófico, quando ele descobriu Hegel e Fichre. Foi Herzen que iniciou a sua conversão ao radicalismo e mais tarde, em 1843, quando completava seus estudos filosóficos na Europa, ele se tornou um revolucionário graças à influência de Wilhelm Weirling e Proudhon. Durante os anos de 1848-1849, tomou parte ativa nas rebeliões que ocorreram em Paris, Praga e Dresden; capturado após o fracasso da rebelião de Dresden, esteve preso em prisões da Saxônia e da Áustria, tendo sido entregue posteriormente à polícia do Czar. Depois de um longo período de internamento na fortaleza de Pedro-e-Paulo, onde o escorburto provocou a perda de seus dentes, foi enviado para a Sibéria, conseguindo mais tarde fugir para o Japão e de lá. para os Estados Unidos e Europa. Participou de uma fracassada revolta na Polônia e, tendo abandonado definitivamente suas idéias pan-eslávicas, desenvolveu uma série de teorias anarquistas e fundou uma organização política secreta, a Aliança da Social Democracia. Em 1868 juntou-se à Internacional e liderou a corrente que se opunha a Marx; foi oficialmente expulso da Internacional em 1872, mas muitos membros oriundos da Itália, Espanha, França, Bélgica e Suíça saíram com ele, fundando uma organização independente, a chamada Internacional St. Imier. Na década que se iniciou em 1870 Bakunin tomou parte nas revoltas de Lyon e Bolonha, acabando por morrer em Berna, onde foi sepultado. Sua obra escrita é vigorosa mas muito mal organizada; o próprio Bakunin confessou a Herzen que não tinha qualquer noção de arquitetura literária, e só muito raramente conseguia concluir qualquer trabalho mais longo do que um artigo. Era um ativista e talvez a sua mais importante contribuição à causa tenha sido como fundador do movimento anarquista histórico, que acabaria com a destruição das organizações anarco-sindicalistas espanholas em 1939. Entretanto, a ideologia anarquista baseia-se em alguns pontos de consenso geral. Para um anarquista, o homem é capaz de viver naturalmente numa sociedade livre e igualitária. Não que isso seja a regra – como bem o prova a História – mas é simplesmente algo absolutamente possível, uma vez que a bondade social é inerente à natureza humana. Assim, o ódio dos anarquistas projeta-se totalmente sobre o grande cerceador da liberdade: o Estado. Essa raiva é tão grande que, ao contrário de algumas ideologias similares como o comunismo, o anarquismo é contra qualquer forma de representação partidária para atingir seus objetivos. A revolução para a instauração da anarquia deve ocorrer por meios econômicos e de luta e não políticos (uma vez que a doutrina nega a existência de qualquer tipo de lei ou Estado).

Além disso, cada indivíduo deve determinar sua vida. Por isso, ao contrário de uma democracia, as decisões tomadas por uma maioria não precisam – aliás, nem sequer devem – ser acatadas pela minoria restante. Conseqüentemente, ser anarquista é aceitar a responsabilidade de todos os atos. Cada um faz o que tem de fazer por si mesmo, não de modo solitário, mas sim como um integrante de uma sociedade onde todos têm consciência de seus deveres. Isso foi bem colocado por Bakunin num ataque direto aos comunistas: "Não sou comunista, porque o comunismo concentra e engole, em benefício do Estado, todas as forças da sociedade". Ele se auto definiu como coletivista, que veio a ser conhecida como uma forma de anarquia.

Antes dele, desenvolvera-se na França, outra forma, conhecida como mutualismo, baseada nos escritos de Pierre-Joseph Proudhon. Proudhon era filho de camponeses da região de Franché-Comté. Seu pai era um tanoeiro e proprietário de uma taberna. Proudhon iniciou a vida como tipógrafo e mais tarde trabalhou como representante de uma firma transportadora com sede em Lyon. Foi aí que manteve seus primeiros contatos com os socialistas e começou a desenvolver teorias próprias sobre um sistema sem governo baseado numa organização econômica cooperativista e na libertação do crédito da agiotagem que o controlava. Em 1840 publiocou Qu'est-ce-que la propriété?, onde se declarou pela primeira vez anarquista. O livro foi elogiado por Marx que se transformaria mais tarde no grande crítico das idéias de Proudhon. Durante a revolução de 1848-9, Proudhon tornou-se deputado independente da Assembléia Nacional e fundou um Banco do Povo para demonstrar na prática as suas teorias de crédito livre e editou uma série de diários altamente críticos, começando com Le Representant du Peuple, que lhe valeu uma longa temporada na prisão sob o reinado de Napoleão III. Posteriormente um outro livro De la Justice, levou a que fosse julgado e exilado na Bélgica. De volta a Paris, suas críticas corajosas fizeram dele um líder respeitado entre os operários, e um grupo de discípulos seus, os Mutualistas, teve participação ativa na criação da Primeira Internacional.

Seu livro póstumo, De la Capacité Politiqque des Classes Ouvrières, forneceu a base teórica para o anarco-sindicalismo. Bakunin chamava-o de "Mestre de todos nós!". Ao contrário da maioria dos anarquistas, os mutualistas não se abstinham de votar e obter representação política.

Já o comunismo-anárquico baseia-se na idéia de Piotr Kropotkin, outro russo. Nascido em Moscou e pertencendo a uma fammília nobre e tradicional, os príncipes de Smolensk, descendentes de Rurik, o Grande Príncipe de Kiev na Idade Média, Kropotkin ainda menino atraiu a atenção do Czar Nicolau I e passou a integrar o seleto Corpo de Pagens. Já oficial, servindo na Sibéria, seus interesses científicos levaram-no a realizar explorações de grande importância para a geografia da região. Suas experiências na Sibéria aguçaram uma tendência já existente para a rebelião. Desligou-se do exército, tornou-se geógrafo e mais tarde abandonaria a ciência para tornar-se um anarquista. Ingressou na Internacional em 1872 na Suíça e voltou à Rússia para realizar um trabalho clandestino de propaganda. aprisionado, conseguiu fugir espetacularmente para a Europa Ocidental, onde fundou e editou um jornal, Le Révolté até ser novamente preso na França em 1882. Em 1885 seria libertado, depois de um amplo movimento de protesto apoiado por escritores, cientistas e acadêmicos. Passou os próximos 30 anos na Inglaterra, onde escreveu suas obras mais importantes: A conquista do pão, Ajuda mútua, Memórias de um revolucionário e Campos, fábricas e oficinas. Voltou à Rússia durante a revolução de 1917, mas desiludido com a ditadura bolchevique e sem qualquer influência sobre os acontecimentos, passou seus últimos anos dedicado a escrever mais um livro, Ética, que deixou inacabado ao morrer. Escreveu também muitos panfletos, e, embora tivesse abandonado a pesquisa científica, seu espírito transparece e todos os seus trabalhos. Para ele, uma vez eliminados todo o poder político e a exploração econômica, todos os homens trabalhariam voluntariamente e pegariam o que lhes fosse necessário.

O anarquismo individualista, como sua própria denominação evoca, tem suas bases nos escritos de Max Stirner , para quem o ideal é o egoísta: o homem que se realiza a si mesmo em conflito com sua coletividade e com os outros indivíduos e que tenta de tudo a seu favor. Mas é claro, nunca fugindo aos moldes da anarquia, ele jamais pode ferir outrem neste processo e muito menos privar a liberdade de alguém. Por último vem o anarco-sindicalismo, expressão mais forte para a qual todas as outras acabaram por desembocar. Segundo os anarco-sindicalistas, a greve geral seria o supremo instrumento estratégico revolucionário. No século XIX e início do XX, os anarquistas ocuparam seus lugares de maior destaque. Entraram em conflito com os comunistas, não apenas uma, mas várias vezes. Ora através de Bakunin na I Internacional, ou através de Nestor Makhno, na Rússia.

Makhno nasceu em Gulvai-Polye, pequena cidade da Ucrânia que seria mais tarde o centro de sua atividade guerrilheira. Trabalhou nas grandes propriedades rurais da região, tendo se convertido ao anarquismo durante a revolução de 1905. Iniciando a atividade revolucionária, foi preso em 1909 por participar de atos terroristas e só seria libertado em 1917, quando retornou a Gulvai-Polye para organizar o soviete local. Quando os austríacos e alemães invadiram a Ucrânia, em 1918, Makhno organizou as ações de guerrilha contra o inimigo e aos poucos foi criando o exército revoltoso que teria importante participação na luta contra os Exércitos Brancos de Denikin e Wrangell em 1919-20. Os bolcheviques estavam dispostos a beneficiar-se com as proezas militares de Makhno sem no entanto permitir que ele fizesse da Ucrânia uma região independente sob o anarquismo. Assim, imediatamente após a derrota dos Brancos, o Exército Vermelho se voltou contra ele. Makhno conseguiu resistir durante vários meses, mas finalmente foi obrigado a fugir para a Romênia em 1921. Lá foi aprisionado, mas conseguiu escapar para a Polônia onde foi detido e acusado de ações criminosas contra a Polônia, jamais provadas. Libertado em 1923, permitiram-lhe que fosse para Paris, onde morreu pobre e quase sem amigos. Foi ao tempo de Makhno que o anarquismo conseguiu se tornar um movimento importante na Rússia, embora tivesse um caráter basicamente regional e ucraniano.

Além disso, outro episódio mostrou o fracasso da revolução russa. Em 1921, com a guerra civil devastando a Rússia, trabalhadores da base naval de Kronstadt resolveram se manifestar frente a Trotsky exigindo a volta dos sovietes, liberdade de expressão, supressão da polícia secreta e liberação dos presos políticos. Usaram para tanto, slogans de cunho visivelmente anarquistas como "onde há autoridade não há liberdade". O Exército Vermelho arrasou a cidade, que ficava a apenas 30 km de Petrogrado. Assim, os comunistas, apesar de não concordando totalmente com a idéia anarquista, acabaram por destruir seus próprios irmãos em ideologia no primeiro país do mundo que tinha passado por uma revolução no sentido de estabelecer a igualdade e liberdade para todos. A Espanha foi o país em que mais os anarquistas estiveram perto de conseguir alguma coisa concreta. Isso porque, o ódio aos poderosos vinha muito antes de Bakunin enviar o emissário Fanelli com o propósito de disseminar o anarquismo no país. Assim, o parlamento espanhol havia desapropriado os camponeses em detrimento de novos fazendeiros. Os primeiros não tiveram escolha a não ser travar uma verdadeira guerra de guerrilha com estes últimos. Em outubro de 1868, Fanelli disseminou entre os jovens espanhóis intelectuais e operários as idéias libertária bakuninistas. A assimilação foi rápida, logo surgindo jornais e as primeiras seções da Internacional em Andaluzia, Valencia e na Espanha setentrional. Além disso, a importância da greve geral para a revolução foi aceita imediatamente pelos anarquistas espanhóis. Como isso resultasse num confronto muitas vezes sangrento, foi necessária uma organização de luta. Em 1910, representantes dos sindicatos da Espanha fundaram a CNT (Confederação Nacional do Trabalho). A CNT evitou a criação de uma burocracia permanente. Uma prova de sua eficiência e da dedicação de seus um milhão de militantes é a de que até 1936 ela só teve um funcionário pago. Em 1930, durante a ditadura de Primo de Rivera a CNT tenta tudo para apressar a revolução. Buenaventura Durruti foi um dos que lutou para isso. Durruti foi o mais famoso entre os ativistas militantes, tão numerosos no movimento anarquista espanhol. Nunca escreveu, nem chegou a fazer qualquer contribuição à teoria do anarquismo, mas possuía uma personalidade envolvente que até Malraux admirava. Era um homem disposto a arriscar tudo pela causa. Quando jovem, trabalhou como mecânico na estrada de ferro e, depois de participar ativamente da greve de 1917, fugiu para a França de onde voltaria mais tarde para filiar-se ao C.N.T. e ao anarquismo. Integrava um grupo terrorista que assaltava bancos para financiar a causa, tendo participado de vários atentados - o mais notável deles contra o Arcebispo de Salamanca, assassinado durante a missa. Vivendo quase todo o tempo ora na prisão ora no exílio durante a monarquia e a república, depois de 1936 Durruti participou dos combates contra os generais Franquistas em Barcelona. mais tarde liderou a coluna que entrou em Aragão, onde conseguiu recuperar grande parte do território nas mãos do inimigo. Conduziu seus homens para que lutassem em defesa se adri e lá morreu, atingido por um tiro dado pelas costas. Seu assassino nunca foi identificado.

Por fim, o ditador acabou perdendo o poder, e todos os grupos políticos lutaram pela república. Os anarquistas tiveram sua participação, mas não pararam nunca com seus objetivos de manter a nação em polvorosa para uma revolução. Assim, com a revolta dos generais em 1936, estourou a guerra civil. No início, a CNT mostrou uma força surpreendente, mas não foi párea para o poder nazi-fascista que ajudou a colocar Francisco Franco no comando do governo. Mas os anarquistas conseguiram, durante a guerra civil, praticar com sucesso a coletivização industrial e agrícola, realizando na prática a autogestão na Espanha.

Também em inúmeros outros países, como França e Itália, o anarquismo encontrou espaço e força. Neste último, um simpatizante foi Errico Malatesta. Filho de uma família abastada do sul da Itália, o estudante de medicina Malatesta ingressou na Primeira Internacional e sofreu a influência pessoal de Bakunin. Abandonou a profissão para dedicar os últimos sessenta anos de sua vida à agitação anarquista, tanto em sua terra natal, a Itália, quanto em países tão distantes e tão diferentes entre si quanto a Turquia e a Argentina. Participou de insurreições na Bélgica, Espanha e Itália. Totalmente absorvido pela ação ativista e tendo que ganhar a vida como eletricista, não chegou a escrever nenhuma obra importante mas seus artigos e panfletos estão entre o que de melhor existe na literatura anarquista. Passou os últimos anos de sua vida na Itália e, durante o regime fascista, foi mantido sob prisão domiciliar. Tal era o medo que inspirava às autoridades da época que, ao morrer, seu corpo foi jogado numa vala comum para impedir que seu túmulo se transforma-se num símbolo e no ponto de partida para as agitações dos dissidentes.

Também nas Américas tivemos nosso quinhão anarquista, com uma experiência feita aqui mesmo, no Paraná, a colônia Cecília. Quanto ao resto do Brasil, a greve geral de 1917, por exemplo, foi comandada por anarquistas. Mas em 1922, com a fundação do partido comunista do Brasil, os libertários perderam a força. Finalmente, em 1964, o golpe militar sufocou as vozes dos anarquistas brasileiros. Hoje sobrevive apenas, de cunho anárquico, a editora Mundo Livre, no Rio de Janeiro. Na Bahia, edita-se o jornal bimensal O Inimigo do Rei.


CONCLUSÃO

Este movimento tem como idéia de uma vida melhor, com direitos iguais e sem um Estado maior onde deveríamos cumprir, as decisões tomadas por uma maioria ou por políticos. Concordo com uma sociedade mais livre onde poderíamos viver com igualdade sem essa diferença de classes sociais que definem o mundo na atualidade.

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