Momento
mágico, luz inesquecível que escapa do desenrolar casual das sucessões
ordinárias, a revolução é assunto de imagem, mais que de conceito.
É claro que
as fotografias não podem substituir a historiografia, mas elas captam o que
nenhum texto escrito pode transmitir: certos rostos, certos gestos, certas
situações, certos movimentos. A fotografia possibilita que se veja, de modo
concreto, o que constitui o espírito único e singular de cada revolução. Alguns
críticos negam o valor cognitivo das fotografias de acontecimentos.
Esse ponto
de vista me parece bastante discutível. É verdade que a fotografia não pode
substituir a narrativa histórica, mas isso não a impede de ser um instrumento
insubstituível de conhecimento histórico, que torna visível aspecto da
realidade que frequentemente escapam aos historiadores.
A
contribuição específica da documentação fotográfica é posta em evidência, com
muita perspicácia, pelo antropólogo e historiador Marc Augé: As fotos da
imprensa ou agências (...) colocam a História no presente, restituindo-lhe, a
imprevisibilidade. O indivíduo, o acontecimento, a anedota ocupam todo o seu
espaço e isso não significa que a História não tenha sua importância: uma das tarefas do
Historiador, se deseja compreender uma época, é precisamente imaginar o
presente dela, fazer o inventário de suas possibilidades, escapar da ilusão
retrospectiva.
Afirmar a importância da fotografia para o
conhecimento dos eventos revolucionários não implica que se trate de um
documento puramente objetivo. Cada uma dessas imagens é ao mesmo tempo objetiva
– como imagem do real – e profundamente subjetiva, pois traz, de um mod
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