terça-feira, 15 de maio de 2012

Sou o Rei da Lídia (770 a.C.)

Tenho ouro. Mas todos os reis o têm. O ouro do Egito até traz a marca do faraó a garantir o peso de cada lingote. Assim ganha-se tempo em cada troca, não é preciso estar sempre pesando o ouro, é só ver a marca e logo se fica sabendo o peso. Mas cada lingote pesa muito e porque muito pesa, muito vale. O que dificulta a troca de mercadorias de menor valor.
Na minha capital, Sardes, tenho grandes entrepostos. Mas não bastam entrepostos para atrair a Sardes os prósperos comerciantes das cidades gregas. Vou mandar refundir todo o meu ouro em pequenas peças de peso igual. E em cada peça vou mandar cunhar a minha marca e garantir o peso igual de todas elas. Ficam assim facilitadas as trocas de valor menor. E até os camponeses que nunca sonharam ter ouro, poderão trocar os seus produtos por ouro em vez de trocá-los por outros produtos. Para se ser rico, não será mais preciso ter muitas cabeças de gado. A riqueza em gado pode ser dizimada pela peste ou pela seca das pastagens. Mas não há peste para o ouro e as pequenas peças que vou mandar cunhar poderão circular rapidamente, de mão em mão, de um lado para o outro.
Se proceder assim, veremos se vêm ou não vêm a Sardes os prósperos comerciantes das cidades gregas... E vindo, quem masi enriquece sou eu, que mandarei cobrar imposto sobre todos...

Comentário
Os comerciantes gregos foram realmente atraídos a Sardes...
Eis o aparecimento da moeda, tal como a entendemos hoje: equivalente-geral que perde o valor de uso e ganha a qualidade de aferidor exclusivo do valor de troca de todas as outras mercadorias. Singular mercadorias é esta, à qual ninguém dá uso próprio, mas que todos ambicionam porque ela é o equivalente-geral do valor de troca de todas as outras.

obs.: Lídia, Reino da Antiguidade, localizado no que é hoje Irã e Iraque.
Sardes, capital do Reino da Lídia.

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