terça-feira, 22 de maio de 2012

Teoria Comunista em Atenas II

O povo desejava coisas novas, depois do fim trágico da guerra do Peloponeso. Aspirava ardentemente uma transformação comunista da sociedade. Não temos nenhuma descrição da situação do povo, das camadas mais pobres da população de Atenas.
Em compensação, as melhores comédias de Arstófanes, que sem dúvida alguma são superiores às demais obras de seus contemporânos, foram conservadas por inteiro, até aos dias presentes. Não são apenas comédias.
Todos os poetas e comediógrafos desse período ridicularizaram as tendências revolucionárias.
E muitas vezes essas idéias são proliferadas como fossem idéias novas.
Aristófanes torna-se um mestre da sátira, do ridículo e da ironia fina.
A assembléia de mulheres e Plutão (escrita nos anos 393 e 388 a.C.).
As mulheres, depois de suportarem longos sofrimentos durante a guerra e, principalmente, em virtude das funestas consequências da catástrofe, resolvem substituir os homens e apoderam-se do governo.
Certa noite, saem furtivamente de casa, sem serem vistas pelos maridos. Vestem-se de homens e convocam uma assembléia, onde as oradoras propõem uma reforma radical do Estado.

"As mulheres - dizem elas - são mais econômicas que os homens. Podem, portanto, melhor que eles, conduzir o Estado pelo bom caminho".

Essa revolução feminina é encabeçada por Praxágora, mulher de Blepino.

"Praxágora: Peço que ouças com atenção. Não me interrompas até que eu terminei. Vê o meu plano. Oriento-me pelo seguinte princípio: todos devem ser iguais e usufruir da mesma forma os bens da terra. É preciso que não aconteça o que vemos hoje. É preciso evitar que uns sejam ricos e outros pobres; que uns tenham grandes extensões de terras e que outros não possuam sequer um canto para cavar as próprias sepulturas; que uns possuam 100 servos e outros não tenham um só. Tudo isso deve ser modificado. Nós queremos iguala as condições de vida dos homens.

Blepino: Como esperas realizar esse plano?

Praxágora: Em primeiro lugare, transformaremos o dinheiro, a terra e as riqueza em geral em propriedade coletiva de toda a sociedade, isto é, num fundo público pertencente a todos os homens. Depois da formação desse fundo público, como somos boas donas de casa, poderemos administrar os bens sociais de maneira a vestir, alimentar etc. a todos os homens.

Blepino: Sim. Acho justo o que dizes sobre a terra. Isso é evidentemente necessário. Ninguém pode negá-lo. Mas como farás para socializar o ouro e a prata?

Praxágora: Os bens de todos os cidadãos serão recolhidos ao Tesouro.

Blepino: Mas, se os ricos os esconderem? Não poderemos obrigá-los a entregar os bens, mesmo que jurem, pois sabemos com que facilidade eles fazem falsos juramentos e enganam o Estado. Não foi justamente graças à fraude e ao engano que conseguiram tão grandes fortunas?

Praxágora: Tens razão. Mas suas fortunas perderão todo o valor, poruqe a miséria desaparecerá. Os cidadãos poderão ter tudo que necessitarem. Mesmo sem dinheiro: nozes, castanhas, pão, roupa, vinho, flores, peixes etc. Cada qual poderá retirar tudo o que quiser dos armazéns públicos. Portanto, ninguém terá necessidade de acmular haveres. Por que motivos os ricos pensarão em guardar as riquezas que adquiriram por meios desonestos, se essas riquezas não terão mais valor?

Blepino: Não acredito que os indivíduos mais ricos, que são justamente os mais desonestos, sejam capazes de renunciar facilmente ao roubo e à patifaria.

Praxágora: Sem dúvida. Se o antigo regime continuasse a existir, era o que inevitavelmente iria acontecer. Mas, com o novo regime, por que motivo os homens pensarão em acumular riquezas, se todas as coisas serão postas à disposição de todas?

Blepino: Suponhamos que um homem queira conquistar uma mulher ou ter relações com uma prostituta. Deverá oferecer-lhes algum presente?

Praxágora: De modo algum! Porque todos os homens e todas as mulheres serão de todos e poderão livremente fazer o que quiserem. Não haverá casamentos nem restrições de qualquer natureza.

Blepino: E se vários homens desejarem a mesma mulher?

Praxágora:Uma mulher bonita poderá ter vários pretendentes. Mas, antes de conquistarem uma mulher bonita, os homesn terão de deitar-se com uma feia.

Blepino: Bem! Pelo que vejo, com esse sistema, as mulheres não correrão mais o risco de ficar virgens a vida inteira. Mas que farão os homens? Tudo leva a crer que as mulheres só darão atenções aos homens fisicamente favorecidos. E os feios, como poderão conseguir mulheres?

Praxágora: A vida amorosa das mulheres será regulamentada pelo Estado. As jovens e formosa serão obrigadas a deitar-se com os homens pequenos e feios. Só depois de favorecerem os homens qu a natureza fez infelizes poderão ter relaçoes com seus namorados. A protituição deixará de existir. As prostitutas serão destinadas aos escravos, a fimde que as melhores foças viris dos homens possam ser aproveitadas pels cidadãos...

Blepino: E como um homem poderá saber se é pai de uma criança?

Praxágora: Não haverá necessidade disso porque todas as crianças ficarão sob os cuidados da coletividade.

Blepino: E quem fará os trabalhos indispensáveis à vida da sociedade?

Praxágora: Esses trabalhos caberão aos escravos"

O diálogo prolonga-se ainda por mais tempo, sempre nesse mesmo tom. Praxágora descreve o Estado do futuro. Os cidadãos terão direito a tudo. Todos serão livres e independentes. Uma única empresa coletiva substituíra às diferentes empresas particulares. As desigualdades de classes serão suprimidas para sempre.
Nos locais onde atualmente funcionam os tribunais, ou são realizadas as eleições, o Estado criará restaurantes. Neles, cada cidadão encontrará alimentação abundante. As refeições em comum serão verdadeiras festas. Deposi de comer, os homens deixarão a mesa bem humorados, com coroas de flores. E, nas ruas, as mulheres e as jovens chamá-los-ão à suas casas para oferecer-lhes os seus encantos.

Aristófanes traça o quadro de um verdadeiro paraíso terrstre. Mas, evidentemente, procura cobrir de ridículo a nova organização.

Apresenta, logo depois, conflitos trgicômicos, que surgem no domínio da regulamentação estatal da vida amorosa dos cidadãos. Com esses argumentos é que procura demonstrar a impossilidade da existência do Estado do futuro.

Na Assembléia das mulheres, Aristófanes ridiculariza os sonhadores comunistas.

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